terça-feira, 8 de março de 2011

O dia da mulher



Histórias de uma professora
não tão maluquinha
Sou professora a alguns anos e em minha prática diária muitas histórias vivenciei, algumas ainda me lembro e outras já esqueci, umas alegres e outras nem tanto assim.
Sou do Rio de Janeiro, mas a 18 anos moro e trabalho em Vila Velha, no Espírito Santo.
E é dessa cidade a maioria das histórias que presenciei. Os personagens são os alunos que participaram de minhas aulas e os colegas de profissão.
Infelizmente a maioria dessas histórias envolvem situações de tristeza da vida real dos alunos.
Mas, vamos deixar de tantos detalhes e iniciar uma das histórias.
Todos inicio de ano letivo os alunos chegam a escola alegres com a expectativa de mais uma ano e novos relacionamentos. Felizes por reencontrar os colegas de escola e também os professores. Os novos alunos sempre sentem-se peixes fora dágua, mas dura poucos.
No final do primeiro mes, em uma turma do noturno, encontrei uma aluna muito triste, muito chorosa, estranhei, pois ela era sempre risonha.
Pergunte-lhe o que tinha acontecido: ela falou que era aniversário dela e que estava sentindo muita falta da mãe que morava em outra cidade.
Sugeri que ligasse pra mãe e falasse o que sentia. A moça me respondeu que não podia, pois estava brigada com a mãe a dois anos, disse ainda o motivo da briga.
Um dia ela disse para mãe que o pai estava molestando-a sexualmente e a muitos anos tentava, mas ela sempre conseguia fugir, só que da ultima vez ele tinha sido também violento, ela teve medo e contou pra mãe que não acreditou na história mandando-a embora de casa e da cidade onde moravam.
A moça acabou chegando em Vila Velha. Perdida e sem ter com quem contar, foi parar numa praça com suas malas e chorava muito. Até que uma senhora lhe encontrou, quiz saber o que estava acontecendo e penalizada da menina(tinha apenas 14 anos), a senhora ofereceu emprego e encaminhou a moça pro serviço social da cidade que lhes deu apoio psicologico, fazendo a matricula em uma escola municipal.
Essa moça me contou sua história e eu só pude ouvir, lhe aconte e encaminha-la a pedagoga da escola que também encaminhou ao serviço social da prefeitura.
Essa história me comoveu muito, mas não acaba aí.
Passados dez anos, sou convidada a representar uma outra escola num forum social em Vila Velha.
No forum são apresentados os representantes das ONG's e outros orgãos que atuavam na cidade. Entre os representantes eu avisto a moça que foi minha aluna, agora uma mulher adulta e assistente social.
Não tive coragem de falar com ela, me identificar. Fiquei com medo de trazer-lhe lembranças de tempos ruins.
Me emocionei ao lhe ouvir falar com tanta propriedade sobre a defesa dos direitos das crianças e o papel da ONG que representava.
Sai do forum com o coração feliz por saber que a história dessa moça teve um final feliz não só pra ela, mas a sociedade ganhou um profissional de valor pra atuar a favor de outras vidas.

MULHER...
Felicidades nesse seu dia e em todos os dias de todos os anos!
Nós merecemos!

Um comentário:

Luci Ane disse...

Gosto muito do que faço como profissão e em especial de cuidar de vidas.
Sou grata a Deus por isso.
Amém!