sábado, 28 de março de 2009

Poesias de Casimiro de Abreu....


MEUS 8 ANOS
CASIMIRO DE ABREU
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem, mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
— Pés descalços, braços nus
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!....
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Poemas de Casimiro de Abreu.


CANÇÃO DO EXÍLIO
Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!-
Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá!
Oh! Que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil!
Que seiva, que luz, que galas,
Não exalas,Não exalas, meu Brasil!
Oh! Que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Que se mira,
Que se mira nos cristais!
Não amo a terra do exílio
Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras
E as palmeiras tão gentis!
Como a ave dos palmares

Pelos ares
Fugindo do caçador;
Eu vivo longe do ninho;
Sem carinho
Sem carinho e sem amor!
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.
Distante do solo amado-
Desterrado -a vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!
Lisboa - 1855

quinta-feira, 26 de março de 2009

O mar da vida e seus mistérios...


Peixe
Por Luci Ane G. Melo
06-03-2009- 18:00

Ao olhar o mar
Vejo o peixe passar,

Sinto meu coração pulsar,é o mar a me inspirar.

Dizem que peixe morre pela boca,

E o homem morre pelo coração,

Pela ambição ou pela omissão.

Então, porque não

Fazer rima ou canção

Com peixinho

Ou peixão,

Não tenho predileção.

O mar é o berço da sereia

E da baleia.

Vamos voltar a pensar sobre o mar...

Ele me faz poetizar...

Instiga-me a cantar...

Aquece o meu coração...

Aguça a emoção.

Quantos peixes a nadar

E a buscar seu alimento

No maravilhoso mar.

Peixe e mar

Ambos me fazem sonhar,

Pois me remetem

A vida que cá está e a que quero chegar.

As onda da vida

A tentar nos afundar

E nós como peixes

A nadar

Procurando sobreviver

E não afundar.